quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
O texto na sala de aula - Geraldi, J.W
Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que precede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro.
Mikhail Bakhtin
No inventário das deficiências que podem ser apontadas como resultados do que já nos habituamos a chamar de “crise do sistema educacional brasileiro”, ocupa lugar privilegiado o baixo nível de desempenho linguístico demonstrado por estudantes na utilização da língua, quer na modalidade oral quer na modalidade escrita. Não falta quem diga que a juventude de hoje não consegue expressar seu pensamento; que, estando a humanidade na “era da comunicação”, há uma incapacidade generalizada de articular um juízo e estruturar linguisticamente uma sentença. E para comprovar tais afirmações, os exemplos são abundantes: as redações de vestibulandos, o vocabulário da gíria jovem, o baixo nível de leitura comprovável facilmente pelas baixas tiragens de nossos jornais, revistas, obras de ficção etc. Apesar do ranço de muitas dessas afirmações e dos equívocos de algumas explicações, é necessário reconhecer um fracasso da escola e, no interior desta, do ensino de língua portuguesa tal como vem sendo praticado na quase totalidade de nossas aulas.
Reconhecer e mesmo partilhar com os alunos tal fracasso não significa, em absoluto, responsabilizar o professor pelos resultados insatisfatórios de seu ensino. Sabemos e vivemos as condições de trabalho do professor, especialmente do professor de primeiro e segundo graus. Mais ainda, sabemos que a educação “tem muitas vezes sido relegada à inércia administrativa, a professores mal pagos e mal remunerados,
a verbas escassas e aplicadas com tal falta de racionalidade que nem mesmo a ‘lógica’ do sistema poderia explicar” (Mello, 1979).
Aceitamos, com a mesma autora citada, a “premissa de que apenas a igualdade social e econômica garante a igualdade de condições para ter acesso aos benefícios educacionais”. Mas acreditamos também que, no interior das contradições que se presentificam na prática efetiva de sala de aula, poderemos buscar um espaço de atuação profissional em que se delineie um fazer agora, na escola que temos, alguma coisa que nos aproxime da escola que queremos, mas que depende de determinantes externos aos limites da ação da e na própria escola.Nesse sentido, as questões aqui levantadas procuram fugir tanto da receita quanto da denúncia, buscando construir alguma alternativa de ação, apesar dos perigos resultantes da complexidade do tema: ensino da língua materna.Uma questão prévia: a opção política e a sala de aula. Antes de qualquer consideração específica sobre a atividade de sala de aula, é preciso que se tenha presente que toda e qualquer metodologia de ensino articula uma opção política - que envolve
uma teoria de compreensão e interpretação da realidade - com os mecanismos utilizados em sala de aula.
Assim, os conteúdos ensinados, o enfoque que se dá a eles, as estratégias de trabalho com os alunos, a bibliografia utilizada, o sistema de avaliação, o relacionamento com os alunos, tudo corresponderá, nas nossas atividades concretas de sala de aula, ao caminho por que optamos. Em geral, quando se fala em ensino, uma questão prévia - para que ensinamos o que ensinamos?, e sua correlata: para que as crianças aprendem o que aprendem? - é esquecida em benefício de discussões sobre o como ensinar, o quando ensinar, o que ensinar etc. Parece-me, no entanto, que a resposta ao “para que” dará efetivamente as diretrizes básicas das respostas.
[...]
(GERALDI, J.W. Concepções de linguagem e ensino de português. In: O texto na
sala de aula. São Paulo: Ática, 2001[1985].)
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Audiência na Alerj discute problemas na rede
A Comissão de Educação da Alerj realizou audiência pública ontem, dia 14, sobre as escolas estaduais públicas. O secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, compareceu e fez um balanço de sua gestão. A diretoria do Sepe cobrou do secretário diversos assuntos, como o fechamento de escolas noturnas, a perseguição a grevistas e o tratamento da Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) em relação à evasão de alunos da rede.
Em novembro, o secretário declarou à imprensa que existem 120 mil "alunos fantasmas" nas escolas estaduais. O Sepe criticou duramente esta fala de Risolia e considera que estes 120 mil alunos que abandonaram as aulas não são “fantasmas” e sim alunos evadidos, que por motivos diversos, inclusive sociais, abandonaram as escolas, sem o apoio devido da Seeduc para continuar os estudos. Também em relação a isso, alunos criticaram a declaração de Risolia e se fantasiarem de fantasmas na audiência (fotos).
Como conseqüência das intervenções da direção do Sepe na audiência, na semana que vem ocorrerá uma reunião na Seeduc para discutir a situação dos profissionais que estão sendo perseguidos nas escolas por terem participado da greve no meio do ano. Já na segunda-feira, dia 19, às 10h, na Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu, ocorrerá uma nova audiência pública para discutir o fechamento de escolas e turmas na rede estadual – a Comissão de Educação da Alerj também vai comparecer a esta audiência.
Dia 14/12, na Alerj, a direção do sindicato entregou ao secretário o livro da professora norte-americana Diane Ravitch, “Vida e morte do grande Sistema Escolar Americano”. Ravitch foi secretária-assistente de educação nos governos Bush (pai) e Clinton; ela era uma defensora da meritocracia e dos testes padronizados nas escolas de seu país, mas após trabalhar no governo, reviu radicalmente sua visão. O livro mostra como os testes padronizados e o modelo de mercado fracassaram nos EUA.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
MEC vai propor currículo nacional para educação básica
A ideia é formalizar as expectativas de aprendizagem em todos os níveis dessa etapa de ensino. O documento vai funcionar como orientações complementares às novas diretrizes curriculares, propostas no ano passado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
A meta do Ministério da Educação (MEC) é estabelecer os objetivos e direitos a serem alcançados pelas crianças, delineando, além das experiências a serem vivenciadas pelos alunos, as condições necessárias para a realização dessas expectativas de aprendizado - em termos de materiais pedagógicos, de tempo e organização curricular.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) já prevê uma base curricular comum para o País. Avaliações nacionais como a Provinha Brasil (aplicada no 2.º ano do ensino fundamental) e a Prova Brasil (feita para o 5.° e 9.° anos) são um exemplo disso. O sistema educacional também conta com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), da década de 90, e diretrizes curriculares recentemente aprovadas pelo MEC.
No entanto, o governo considera que há a necessidade de aprofundar essas diretrizes e atualizar as orientações, criando o que seria o primeiro passo para a instituição de uma base curricular comum no País. "Não vamos colocar o currículo numa forma - vamos discutir as bases", explica a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda. "Não é uma listagem de conteúdos - é um instrumento de organização da vida do professor e do aluno."
Para Jaqueline Moll, diretora de currículos e educação integral do MEC, um dos pontos mais importantes da elaboração das expectativas de aprendizagem é dar conta das circunstâncias em que o ensino se dá. "Temos de pensar na escola contemporânea, nos seus desafios e em quais são os marcos do aprendizado das línguas, matemáticas e das áreas de conhecimento postas pela LDB", diz ela. "Exemplo: as novas diretrizes instituem o ciclo de alfabetização. Mas, ao concluí-lo, o que o estudante deve ter construído?"
Segundo Cesar Callegari, do CNE, a necessidade de se estabelecer as expectativas decorre, entre outros fatores, do fato de as diretrizes em vigor serem muito abrangentes. "Elas apresentam conceitos, mas muito genéricos, insuficientes para definir currículos", explica ele, que considera os PCNs defasados. "Precisam ser atualizados", disse.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirma que a ideia não é formatar um currículo único. "O Brasil praticamente aboliu o currículo nos anos 90 e a Prova Brasil recuperou um pouco, pela via da avaliação, a ideia de organização curricular, que estava fragmentada com os parâmetros curriculares", disse ele ao Estado. "Há uma demanda para aprofundar isso."
Uma das discussões em torno do estabelecimento das expectativas é se elas seriam divididas por anos ou por etapas de ensino (por exemplo: ciclo I e II do fundamental). Alguns especialistas defendem que sejam definidas por ano, para evitar atrasos no aprendizado e até repetências. "Não podemos deixar o aluno ficar atrasado", afirma Ruben Klein, consultor da Fundação Cesgranrio. "Identificada a dificuldade, ele deve ir para o reforço - única maneira de fazer com que eles cheguem ao final com a idade correta e aprendendo."
Currículo claro - Para a secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin, as cidades devem ter um currículo claro, com os conteúdos que as crianças devem aprender ano a ano. "Assim, os pais podem acompanhar o que os filhos atendem", diz. Segundo ela, o currículo da cidade foi construído com profissionais que tinham elaborado o primeiro documento, em 1996, e os conteúdos a serem ensinados foram dispostos ano a ano.
A ideia do MEC é apresentar o texto-base até o fim deste mês. Será aberta então uma consulta pública no início do ano para então um grupo de trabalho definir as expectativas por áreas. No segundo semestre, está prevista uma nova consulta pública. Apenas em dezembro de 2012 o documento deve ficar pronto.
Segundo o MEC, o tema está sendo discutido com entidades como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Eventos como o congresso "Educação: uma Agenda Urgente", do Todos pela Educação, e o debate "Diretrizes Curriculares e Expectativas de Aprendizagem", do Itaú Social, também abordaram o assunto.
Fonte: O Estado de São Paulo, em 5/12/2011.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Diminuição da Carga Horária de Filosofia no Estado do Rio de Janeiro
Para quem ainda não sabe venho aqui comunicar a novidade sobre o currículo de filosofia para o ensino médio nas Escolas da Rede Estadual para 2012. Recebemos um presente de natal deste governo. Fomos presenteados com a diminuição da carga horária da disciplina filosofia (e também de sociologia) nas escolas da rede. O que acarretará em problemas graves pra os professores que terão o tempo em sala diminuído (tempo que já era insatisfatório), mais turmas e diários para aumentar o trabalho e em muitos casos a multiplicação de colégios em que deveram atuar para cumprir sua carga horária (existem professores trabalhando em 4 colégios diferentes com o tempo todo fragmentado, imagina agora). A carga horária de 2 tempos no terceiro e segundo ano e 1 tempo no primeiro ano, foi alterada para 1 tempo no primeiro e segundo e 2 tempos apenas no terceiro. A notícia esta no diário oficial.
Replicado do blog Pensamento Radical
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
UFRJ lança edital para Pós Graduação Lato Sensu em Educação para diversas disciplinas
A Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Faculdade de Educação está divulgando o edital abaixo para seleção de alunos para os cursos de Especialização Lato Sensu em SABERES E PRÁTICAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA. Veja abaixo a relação dos cursos, destinados a licenciados em diversas disciplinas, e como fazer a sua inscrição.
I – Dos cursos de especialização com previsão de início em março 2012:
1. Alfabetização, Leitura e Escrita – 30 vagas
2. Educação Física Escolar – 30 vagas
3. Ensino de História – 30 vagas
4. Ensino de Geografia – 30 vagas
5. Ensino de Sociologia – 30 vagas
II – Da inscrição:
(a) A inscrição de candidatos às vagas do Curso de Especialização Saberes e Práticas da Educação Básica (CESPEB) estará aberta no período de 05 a20 de dezembro de 2011, das 11h às 18h, na sala 230, da Faculdade de Educação, no Campus da Praia Vermelha,
situado à Avenida Pasteur, nº 250, fundos (www.educacao.ufrj.br);
(b) Poderão inscrever-se nos cursos os portadores de diplomas, reconhecidos pelo MEC, conforme discriminação abaixo:
Alfabetização, Leitura e Escrita – diplomas de Graduação em Pedagogia ou em outra Licenciatura e formação de professor nível médio; Educação Física Escolar – diploma de Licenciatura em Educação Física; Ensino de História – diploma de Licenciatura em História;
Ensino de Geografia – diploma de Licenciatura em geografia;Ensino de Sociologia – diploma de Licenciatura em Ciências Sociais