terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Na educação, cursos formais perdem força e os técnicos ganham espaço

             Considerada fundamental para o aumento da competitividade nacional, a educação perdeu peso no novo IPCA, divulgado pelo IBGE (em 11/1) e que leva em conta os hábitos de consumo de 2008/2009.
        Segundo o instituto, 4,3735% do orçamento médio familiar são destinados ao item, contra 7,2137% no antigo IPCA, baseado no consumo das famílias em 2002/2003. Cursos formais, de educação infantil ao ensino superior, passando por cursos diversos, como preparatórios e idiomas, perderam participação no índice oficial de preços do País. Já pós-graduação (passou de 0,1434% do orçamento familiar para 0,2239%) e cursos técnicos (subiram de 0,026% para 0,0725%) ganharam espaço no orçamento.
             Especialistas divergem sobre esta queda de participação no IPCA, uma vez que o custo da educação tem crescido mais que a inflação. No ano passado, por exemplo, enquanto o IPCA subiu 6,50%, os preços da educação subiram 8,09%. Além disso, eles alertam que há uma maior conscientização da importância do ensino no Brasil.
          "Apesar de a renda ter aumentado, as famílias decidiram transferi-la para outros gastos. Elas decidiram tirar os filhos das escolas privadas em função dos preços e realocar a renda com serviços, automóveis e internet", explicou Irene Machado, técnica do IBGE.
          Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, diz que parte da redução do peso da educação no IPCA pode ser atribuída a novas prioridades de consumo. Ele lembra que o período de tempo que foi atualizado coincide com o crescimento da chamada nova classe C, que priorizou outros tipos de gastos."
          Olhando os itens que compõem a educação, vemos queda em leitura, motivada pela redução de assinaturas de jornais e revistas, cursos diversos e cursos regulares. Uma hipótese é que parte da classe que mais cresceu em consumo pode ter priorizado a compra de bens e mantido os filhos em escolas públicas. A educação também melhorou e parte dos cursos extras passou a ser oferecidos pelas escolas. E ainda há o peso dos programas de financiamento educacional, como o Fies, que reduzem os custos mesmo de pessoas que passaram a frequentar universidades", afirma Pessoa.
            Para a economista Tatiana Menezes, professora da UFPE, o peso da educação no orçamento caiu porque, mesmo com a evolução dos preços acima da inflação, outros itens, como habitação e transportes, cresceram ainda mais e conquistaram um peso relativo ainda maior.
         Mozart Ramos, integrante do Conselho Nacional da Educação e do Todos Pela Educação, afirmou que se surpreendeu com a redução do peso da educação no orçamento familiar e no IPCA. "Isso não condiz com as pesquisas qualitativas que fazemos que apontam para uma valorização da educação. 
          "Ele acredita que isso ainda merece ser pesquisado. Ramos diz que a única hipótese plausível é social: as famílias estão menores que no passado, o que faz com que, mesmo elevando o custo da educação por aluno, o peso total no orçamento doméstico se reduza, pois há menos filhos para serem educados.

Fonte: O Globo, em 12/1/2012.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Investimento público em educação chega a 5,1% do PIB em 2010.

              O investimento público direto em educação chegou a 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. O patamar ficou praticamente estável já que, em relação ao ano anterior, o crescimento foi de 0,1 ponto percentual. Os dados foram divulgados em19/01/2012 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A maior parte dos recursos – 4,3% do PIB – foi aplicada na educação básica, etapa que compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o médio. O investimento no ensino superior correspondeu a 0,8% do PIB.Apesar de o maior montante dos recursos estar concentrado na etapa básica, o estudante do ensino superior é o que recebe o maior investimento proporcionalmente. Enquanto os governos municipais, estaduais e a União gastaram R$ 3.580 por aluno da educação básica, no ensino superior, o valor investido por matrícula foi cinco vezes maior: R$ 17.972. Todos os dados se referem a 2010. Apesar da diferença, houve redução das disparidades já que em 2009 a razão era 5,2 vezes maior.
             Desde o início da série histórica produzida pelo Inep, o patamar do investimento público em educação em relação ao PIB cresceu de 3,9% em 2000 para 5,1% em 2010. Isso significa que, em uma década, o Brasil ampliou em 1,2 ponto percentual do PIB os recursos aplicados em educação.
           Os dados divulgados pelo instituto deverão subsidiar as discussões sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), que está em tramitação na Câmara dos Deputados. O projeto prevê o aumento dos gastos em educação até que se atinja 7% do PIB no prazo de dez anos – um incremento de 1,9 ponto percentual em relação ao patamar atual. Essa meta foi definida pelo governo, mas entidades da área e movimentos sociais pressionam para que ela seja ampliada para 10% do PIB. Esse é o ponto mais polêmico do projeto que deveria ter sido aprovado no fim do ano passado, mas teve sua votação adiada justamente porque não havia consenso sobre a meta de investimento. Os trabalhos da comissão especial que analisa o PNE serão retomados logo após o fim do recesso parlamentar.

Veja qual foi o valor investido, por aluno, em cada etapa de ensino ao longo de 2010:
Educação infantil: R$ 3.580
Ensino fundamental – séries iniciais: R$ 3.859
Ensino fundamental – séries finais: R$ 3.905
Ensino médio: R$ 2.960
Ensino superior: R$ 17.972

Fonte: Agência Brasil, em 19/01/2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012